Lendas de So Francisco de Paula 6fyy
COLETNEA DE LENDAS DO MUNICPIO |
Pesquisa realizada por alunos da Rede Municipal de Ensino |
Como nos demais municpios, So Francisco de Paula tambm rico em lendas. Os moradores mais antigos da cidade trataram de propag-las, gerao a gerao, defendendo a sua realidade. |
A Foto |
Um dia faleceu a esposa de um campons, criador de gado leiteiro e de corte, que estava grvida. ado mais ou menos um ms do falecimento, o campons casou-se novamente. |
Tudo corria bem, at que o casal resolveu, durante um eio, tirar fotografias, para registrarem o agradvel programa. Porm ao revelarem as fotos, costataram que, no lugar da esposa atual, aparecera a imagem da esposa falecida, com um beb sorrindo ao colo. |
O campons ficou to assustado que nunca mais tirou fotografia alguma. |
Assombrao |
Na fazenda de Seu Severino, nas proximidades de Vrzea de Contendas, em Tainhas, distrito de So Francisco de Paula, ouvia-se, noite, nos galpes, orneadas de "burro choro"; nas casas, choro de crianas, onda no havia crianas, galinhas dentro de bacias d'gua batendo asas; nos ptios, rudos de porcos virando pedras, trotear de cavalos e batidas das varas das porteiras, como se cada uma delas fossem abertas e soltas, individualmente. |
Ao se verificar a origem dos barulhos, nada havia. Alguns achavam que eram "tesouros" enterrados por moradores antigos. Outros, diziam ser barulhos provenientes das "balastracas" (dinheiro), facas, garfos, colheres, espingardas, prata e ouro enterrados. Acreditavam que, quem encontrasse os tesouros, teria que mudar-se, porque no teria mais tranqilidade. |
Contudo, nenhum tesouro foi encontrado. |
A Caada |
Um caador, quando tinha 18 anos, combinou uma caada, com seus companheiros. |
Seria uma caada de tatu, na Sexta-feira Santa, para confirmar se as estrias, contadas pelos antigos, eram verdadeiras. |
Diziam que, na Quaresma, principalmente na Semana Santa, no se caava, nem ser falado nisto. |
O caador ironizando tais fatos, reuniu seus companheiros e partiu a procura de suas presas. |
A noite estava linda, enluarada. |
Estavam num campo limpo, quando os cachorros comearam a latir e correr, sem que eles avistassem animal algum. |
De repente, os ces vieram em suas direes, latindo muito e parando sob um pinheiro. Eles foram at l, olharam e nada avistaram. Contudo seus corpos foram invadidos por fortes arrepios. |
Mediante este fato, no mais duvidaram das estrias contadas. |
A Apario |
Tio Horcio e Sr. Antnio foram fazer uma roa na localidade de Padilha Velha. |
Joo do Mato alertou-os para que no a fizessem no terreno em que existiu uma velha, assim como no deveriam, l pernoitar, pois, noite, aparecia uma mulher vagando, com velas na mo. |
Fazendo pouco caso da estria, decidiram pernoitar na casa. |
Uma certa hora, acordaram com um enorme claro, e ouviram trs gemidos. Levantaram muito assustados, ouviram tambm rudo de mato sendo derrubado. Correram para ver o que estava acontecendo e nada avistaram. No havia nem vento. |
Ao amanhecer, pegaram suas coisas e foram embora. |
Nunca retornaram ao local, assim como ningum mais teve coragem de fazer o mesmo, ficando a casa totalmente abandonada. |
Bruxas |
Noite de lua cheia. Gachos galopavam, tranqilos por entre as coxilhas tropeando o gado. Em certo momento, resolveram parar para descanso, pois haviam feito um longo trajeto sobre o lombo dos cavalos, que suados, mal conseguiam continuar. Ento, dois amigos recostaram-se prximo fogueira, relembrando as aventuras j vividas. De repente, cochilaram e o gado comeou a espalhar-se pelo campo. |
Ao acordarem, olharam para o cu e viram perto da lua, velhas montadas em vassouras. Amedrontados, montaram em seus cavalos, e, galopando, seguiram at uma casa, onde o dono, percebendo o pavor em seus rostos, convidou-os a entrar. |
Estando mais calmos, contaram o ocorrido. O velho escutou e disse-lhesque essas aparies eram de mulheres que pertenciam a grupos de bruxarias terrveis. |
Contudo, se as pessoas carregassem alho e cebola consigo, no haveria a interferncia malvola destas mulheres. |
O Lobisomem I |
Dona Rita conta que, quando garota, residia em uma fazenda, onde era costume as famlias reunirem-se noite para conversar e contar "casos", ao redor de uma fogueira, feita nas cozinhas de cho. |
Numa destas noites, seu pai falou que um homem transformava-se em lobisomem, nas sextas-feiras enluaradas. ava o dia agitado, e, noite, espojava-se na cama de algum animal, adquirindo suas caractersticas. |
Num lugar no muito longe da casa, havia um lagoo, e, ao ar por ali, certa noite, seu pai foi acompanhado por um enorme co (lobisomem). Sua montaria ficou assustadssima, assim como ele. Quando o lagoo terminou, a criatura no mais o acompanhou. |
Na poca, o fato ou a ser contado a todos os moradores da regio, que por medo, aram a evitar aquele lugar noite. |
O Lobisomem II |
Certa vez, no Bairro Loteamento Santa Isabel, apareceu um lobisomem, onde havia um menino de trs anos doente. Dizem que um esprito encarnou nele. |
A me do menino chamou a visinha, ao perceber que o menino tremia em demasia, contorcendo-se todo, sem parar. Levando-o para o Hospital, os mdicos no constataram anormalidade alguma. Somente depois de muita reza a criana aquietou-se. |
A Noiva |
Esta lenda conta que uma noiva iria se casar, por obrigao, sem possuir laos afetivos com o noivo. |
Quando resolveu expor a situao ao noivo, este ao desmarcar o compromisso, rogou-lhe uma praga, dizendo que jamais iria se casar e que morreria afogada. |
Na data em que ocorreria o matrimnio, a moa colocou seu vestido e dirigiu-se ao rio, onde havia um poo para abastecimento de gua para a famlia, escorregou caindo dentro dele e vindo a falecer. |
ando algum tempo um pescador, que estava no local viu a imagem da noiva. |
A Praga da Viva |
Em uma localidade haviam duas famlias. Numa delas existia uma viva. |
As duas famlias tinham plantao de trigo, sendo a da viva mais exuberante e promissora. |
Na poca da colheita, a famlia visinha ps fogo na plantao que se salientava. |
Enfurecida a viva rogou-lhes a praga: |
"Quando vocs morrerem, a terra no h de lhes comer e vocs tero chifres iguais aos do diabo". |
ados alguns anos, a visinha da viva faleceu, sendo enterrada por seus familiares com todo cuidado. No dia seguinte, os parentes foram ao cemitrio e viram que o corpo morto estava sobre a terra. Apavorados, fizeram uma cobertura especial em sua lpide. |
Com o ar do tempo, a prega foi se concretizando: nasceram chifres na cabea da falecida, os quais eram cortados de ano em ano, para no ficarem expostos sobre a terra. |
Madrinheiro de Tropa |
Antigamente, os meios de transportes eram tropas de cargueiros e carroas. |
Durante uma tropeada, ao se fazer a parada para descanso dos animais, ou um avio sobrevoando os pagos, o que era uma novidade. |
Os componentes da tropeada se olharam apavorados, dando falta de um rapazote que os acompanhava. |
O mesmo foi encontrado s no outro dia, dentro de uma bruaca, escondido. Todos pensaram ter sido obra de uma alma penada associando-a ao avio. |
Este fato ocorreu num dos distritos de So Francisco de Paula. |
O Gritador I |
Era um jovem muito maldoso que gostava de judiar dos animais. Era possuidor de um cavalo, no qual andava o dia inteiro, em disparada. No o tratava como devia, nem ao menos dava-lhe gua. noite deixava o pobre animal preso com uma corda curta, impedindo-o de escapar. |
Sua me, vendo o animal ser surrado e maltratado, o que em pouco tempo o levaria morte, esperou que seu filho dormisse e foi cuidar do cavalo. Aps dar-lhe comida e gua soltou a corda, permitindo desta forma, a sua fuga. |
No outro dia, quando o jovem acordou, procurou o animal, no o encontrando. |
Ao descobrir o que havia ocorrido, amarrou sua me, encilhou-a e montou, esporeando-a de tal forma que a fez chorar de dor. |
A me rogou uma praga ao filho: ele haveria de gritar de dor, mesmo aps a morte. |
Na mesma noite em que o homem morreu, todos os moradores dos arredores ouviram gritos vindos dos abismos. At hoje, dizem que nos Abismos do Macaco Branco, divisa com o IBAMA, em noites de lua cheia, ouve-se gritos inexplicveis, como se algum estivesse com uma dor invel. |
O Gritador II |
Muitos contam que, h muito tempo atrs, ocorreu um fato um tanto malvado. |
O "Gritador" era um homem muito pobre e morava com sua me. |
Certo dia, deixou seu cavalo encilhado, enquanto se preparava para ir a um baile. |
Como estava se demorando muito, sua me pensou que no sairia mais e desencilhou o animal. |
Quando o homem percebeu o que sua me tinha feito, o cavalo j estava longe. |
Ento ele pegou a velha, arrastou-a pelos cabelos, encilhando-a como se fosse um animal de montaria, fazendo-a galopar. |
Feito isto, a me rogou-lhe uma praga: "Quando morresse no iria para o cu. Ficaria vagando pelas matas sem rumo". |
Por muitas vezes, vrias pessoas dizem ter ouvido este tal de gritador. |
O Rancho Mal Assombrado |
Um senhor gostava muito de cavalgar pelos campos. Certo dia, depois de cavalgar a tarde toda, quando o sol j estava se escondendo, avistou um rancho de beira de estrada e decidiu fazer ali sua pousada. |
Acomodou-se, fez fogo e comeou a assar uma carne. Ento ouviu uma voz e gemidos que vinham do sto. As vozes diziam: " Vou cair, vou cair"... |
O homem muito acostumado a acampar, no ligou e continuou a fazer seu churrasquinho. Referiu-se ainda s vozes: " Quer cair, caia". Ento, caiu l de cima, uma coisa parecida com uma bruaca, que em seguida, se transformou em um homem enorme. |
Sentando-se ao lado do cavaleiro, espetou um sapo que trazia no bolso, comeando a ass-lo. |
O Cavaleiro disse: " Pode assar no meu braseiro, mas no encoste no meu churrasco". O enorme homem olhou para o cavaleiro e falou: " Voc um homem corajoso, por isso, quero que arranque aquela pedra e fique com o ouro, l existente". Dito isto, um forte vento comeou a soprar e ele sumiu. |
O Cavaleiro arrancou a pedra e, para sua surpresa, l estava uma inha cheia de ouro. Ficou bilionrio. A partir de ento, ou a acreditar em assombrao. |
Esse fato aconteceu em uma das muitas fazendas que existem, at hoje, em So Francisco de Paula, para o lado de Contendas. |
O Redemoinho |
Este fato ocorreu em Jaquirana, quando ainda pertencia a So Francisco de Paula. |
Um dia, quando um grupo de crianas estavam brincando no ptio de uma casa, aproximou-se um redemoinho enorme, apanhando um dos meninos, atirando-o para cima, ando pela copa de um pinheiro. Dizem nunca mais terem encontrado a criana. |
Os porcos I |
De origem catlica, a populao da sede da Capela freqentava, pontualmente a modesta igrejinha de madeira, erguida no mesmo local da Igreja Matriz de So Francisco de Paula. |
Coberta das mais variadas espcies de rvores nativas, So Francisco de Paula formava uma floresta imensa, composta especialmente por seculares pinheiros (araucrias), fonte de alimentao da fauna local, da qual fazia parte, uma espcie de porco selvagem, sempre se deslocando em grupo (vara), migrando em busca do alimento ideal e abundante sobrevivncia: O Pinho. |
Rumo ao Taquaru (Zona da Penso Hampel), onde havia um fabuloso pinhal, uma enorme vara de porcos do mato deslocava-se, num grunhir ensurdecedor coletivo, coincidentemente num domingo no horrio da missa. |
Desrespeitosamente, no momento em que o Sacerdote ministrava o ato religioso, os fiis, em massa abandonaram a igreja para presenciar o que estava acontecendo que provocara tanto barulho. Deparam-se com a agem com a vara de porcos do mato, em frente Casa de Deus. |
Inconformado com o comportamento curioso dos fiis, teria dito o Padre: " MALDITO SEJA O POVO QUE ABANDONA A CASA DO SENHOR PARA ASSISTIR UM DESFILE DE ANIMAIS SELVAGENS". |
Os Porcos II |
Encontra-se no Livro L1, de 1914 a 1940, um texto sobre a "Lenda dos Porcos", escrito pelo Padre Joo Francisco Ritter, em 19 de abril de 1931, dizendo o seguinte: |
* "Contaram-me, note bem, no inveno minha, que a muitos anos atrs, um vigrio desta Parquia amaldioou o povo de So Francisco de Paula. O fato teria se dado, mais ou menos da seguinte maneira: |
Estava a Igreja, que naquele tempo existia no mesmo lugar desta, repleta de povo, assistindo Santa Missa, eis que de repente, todos, com exceo de algumas pessoas de idade, saem correndo da Igreja, para apreciar, imaginem s, uma vara de porcos do mato, que ava nas imediaes do tempo. O Vigrio, vendo o pouco valor e interesse que os fiis davam ao santo sacrifcio e Casa de Deus, teria amaldioado este povo. |
Ora, amaldioar algum, quer dizer chamar sobre ele a desgraa temporal e eterna, isto , a falta de verdadeira felicidade. |
No sei o que h de verdade no que me contaram, mas sabe l, se esse vigrio, num mpeto de tanta ira, tanta ira, no teria lanado de fato, uma maldio pegue, pois no conta So Agostinho que uma me, maltratada por seus filhos, os amaldioou ? Eles foram acometidos de convulses e andavam vagabundos, de terra em terra at que chegaram cidade de Hippona, onde foram curados pelas relquias de So Estevo. |
A maldio do dito Vigrio, se de fato existiu, no sei se foi somente para os fiis rebeldes de ento, ou se estendeu-se tambm, aos descendentes e posteriores habitantes desta terra". |
* Transcrito conforme texto original |
Pesquisa realizada por alunos da Rede Municipal de Ensino |